top of page

Professora é premiada por tese sobre práticas curandeiras femininas em Oiapoque

  • Foto do escritor: conexaogospelamapa
    conexaogospelamapa
  • 9 de jun.
  • 3 min de leitura

O estudo destaca e detalha práticas como puxações, benzimentos, rezas, restrições alimentares, a produção de remédios caseiros e uma vasta gama de saberes transmitidos de geração em geração.

Docente recebe prêmio por estudo que valoriza práticas curandeiras tradicionais.
Docente recebe prêmio por estudo que valoriza práticas curandeiras tradicionais.

Evelanne Silva, professora do curso de História no campus binacional da Universidade Federal do Amapá (Unifap), localizado em Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, conquistou o título de melhor tese no Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações, promovido pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Na tese intitulada “Vovó me disse que isso também cura!: práticas populares de cura entre mulheres em Oiapoque – Amapá. Contribuição para uma educação escolar insurgente” e no produto derivado de mesmo nome, a professora Evelanne Silva explora a tradição curandeira enraizada em sua própria ancestralidade. "A inspiração veio da minha vivência pessoal, já que sou neta de mulheres que praticavam esses saberes. Isso sempre esteve presente na minha vida, desde a infância, quando via elas curarem, benzendo [...]. Minha bisavó paterna também era parteira, o que sempre despertou meu interesse."

Professora Evelanne e o barbatimão: uma das plantas tradicionais utilizadas nas práticas curandeiras.
Professora Evelanne e o barbatimão: uma das plantas tradicionais utilizadas nas práticas curandeiras.

O produto desenvolvido é um e-book, disponibilizado gratuitamente na internet. Esse formato inovador serve como uma ferramenta educacional tecnológica, permitindo que os saberes tradicionais sejam abordados de maneira lúdica em sala de aula. ° Confira a tese ° Leia o livro O trabalho foi realizado pela professora Evelanne Silva no âmbito do primeiro Doutorado Profissional do Programa de Pós-graduação em História da Uema (PPGHist). A pesquisa destaca práticas tradicionais como:

  • Puxações;

  • Benzimentos;

  • Rezas;

  • Interdições alimentares;

  • Confecção de remédios.

Além disso, o estudo explora uma ampla gama de saberes transmitidos de geração em geração.

A abordagem nasceu da percepção da docente de que práticas ancestrais, como essas, eram pouco exploradas na educação da região de fronteira franco-brasileira.

A obra destaca a ausência do tema na educação.
A obra destaca a ausência do tema na educação.

Reconhecimento dos saberes tradicionais A professora observou que os saberes indígenas fazem parte do cotidiano da população e circulam diariamente de forma natural, porém são pouco debatidos em sala de aula. "Quando fui trabalhar na docência, trabalhei no ensino básico antes de trabalhar no ensino superior, percebi a ausência dessa abordagem que tem a ver com saberes étnicos, saberes ancestrais, de matriz africana, indígena, saberes afro indígenas [...] Então percebi essa ausência, apesar das leis que defendem a cultura indígena e africana", disse. A professora explicou que o estudo tem como principal objetivo preencher uma lacuna educacional. Embora a lei 10.639/03 torne obrigatório o ensino da história e cultura africana nas escolas, e a lei 11.645/08 amplie essa obrigatoriedade incluindo os povos indígenas, ainda existem desafios na aplicação prática dessas normas. "Materiais didáticos e literários ainda carecem de circular para o auxílio dos professores. O meu objetivo foi, a partir do estudo da fronteira-brasileira contribuir para superar essa lacuna [...] Encontrar formas de viabilizar através de produtos técnicos e tecnológicos que isso circule na educação de uma maneira mais ampla", disse. Evelanne destacou que, embora o prêmio tenha grande relevância acadêmica, o maior mérito está no reconhecimento da riqueza étnica e cultural dos povos que vivem na região de fronteira. "A gente sente que cumpriu o dever de dar lugar aos sujeitos que antes não apareciam nos livros de história,. Então, eu sinto um reconhecimento do trabalho e sinto que é uma colocação merecida para esses sujeitos que vivem aqui no Amapá", completou.

Aqui está um trecho do produto da pesquisa realizada por Evelanne:
Aqui está um trecho do produto da pesquisa realizada por Evelanne:

Descoberta sobre a Mãe Luzia Durante suas pesquisas, a professora descobriu novas informações sobre Mãe Luzia, figura emblemática do Amapá que dá nome à maternidade do estado. Evelanne revelou que, além de lavadeira e parteira, Mãe Luzia também atuava como perita em crimes sexuais contra mulheres. "A partir dos estudos documentais dos arquivos do Tjap, no fórum de Macapá, eu descobri então que ela era perita em crimes sexuais contra mulheres [..] Então é um papel social que não se sabia, é uma faceta da Mãe Luzia que a gente não conhecia, e através dessa pesquisa foi possível perceber isso", destacou a professora.


Mãe Luzia: uma figura emblemática do Amapá
Mãe Luzia: uma figura emblemática do Amapá

Durante as entrevistas com mulheres curandeiras de Oiapoque para a pesquisa, Evelanne percebeu o quanto os saberes tradicionais continuam vivos, não apenas na sua região de atuação, mas em toda a Amazônia.

A ponte sobre o rio Oiapoque liga o Brasil à Guiana Francesa.
A ponte sobre o rio Oiapoque liga o Brasil à Guiana Francesa.


Comentários


Publicidade

IMG-20250207-WA0099.jpg
Anuncio Vivo.png
11351272.jpg
  • Instagram
  • Facebook
  • Youtube
  • Whatsapp
  • X
  • TikTok
bottom of page